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domingo, 14 de dezembro de 2008
Meu Voar!
Quero saltar ao vento
Tal um pássaro errante
Ver estrelas brilhantes
Deixando o tempo livre me levar
Meus pés tímidos sustentam-me
E meus braços estendidos no ar
Abraçam a liberdade
Nas asas da minha vida
Sem rastros deixar
Entre o céu e o mar!
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 14/12/2008
Código do Texto: T1334692
Tempo das Chuvas
Refúgio das Mágoas
Meus olhos tristes chorando
Brotaram plangentes águas
Mas descobri que cantando
São mais suaves as mágoas!...
Toda a mágoa que na vida
Em silêncio é calada
É sempre mais dolorida
Por nunca ser revelada...
Se a vida fosse somente
Feita de dor e sofrer
Não havia certamente
Mera razão p'ra viver ...
As mágoas que alma sente
E a vida vão torturando
Têm refúgio, se a gente
Levar a vida cantando!...
Euclides Cavaco
domingo, 30 de novembro de 2008
Chove ? Nenhuma chuva cai...
Chove ? Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto um dia
Em que ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia ?
Onde é que chove, que eu o ouço ?
Onde é que é triste, ó claro céu ?
Eu quero sorrir-te, e não posso,
Ó céu azul, chamar-te meu...
E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...
E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro... E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.
Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuro, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...
Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas...
No claustro seqüestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convés
No meu cansaço perdido entre os gelos,
E a cor do outono é um funeral de apelos
Pela estrada da minha dissonância...
Fernando Pessoa
In: Cancioneiro
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