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sábado, 19 de dezembro de 2009

ún entre sombras y lejanía...


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ún entre sombras y lejanía pudo descifrar que sus labios modulaban un verso pausado en un idioma que a juzgar por su fervor, bañaba su sangre, palabras para nadie más, solo para un ave, que como un secreto descuidado compartió la magia de una ilusión con las alas que deseaban abrazar sus orillas, pues de aquel poema en sus labios mudos, sentí que a pesar de ser un amante en silencio, ambos besábamos el anhelo de un amor en el reflejo de los pensamientos


colibri

segunda-feira, 30 de novembro de 2009



"O que me dói não é
o que há no coração
mas essas coisas lindas
que nunca existirão."

Fernando Pessoa


Sempre te busco,
nunca te encontro.
Que nuvem densa,
múltipla e vária,
te oculta aos olhos
que te sonharam?

E vão te chamo.
Eco perdido,
a voz retorna.
Frágil e tímida,
deu volta ao mundo.
Não te encontrou.

Meu pensamento
sobe bem alto,
sobe mais alto.
Espelho mágico,
mostra-te aos astros.
Nenhum te viu.

Ninguém te viu,
nem te verá.
Morres comigo.


Emílio Moura

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Nunca houve palavras


Nunca houve palavras para gritar a tua ausência

Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.
Como se estivesses triste

Joaquim Pessoa





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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

contigo


nas brumas do escuro mar
ou nas areias frias de um deserto
num breve segundo, a eternidade
nas tristes sombras da saudade
impensada dor da minha treva

depois, de tão cansada caminhada
de solitária dor, alma sofrida
pelos caminhos rudes desta lida
contigo, em meus braços, minha vida,
...impensada luz da minha treva

reginahelena
(sem verbo)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

VOLTA DE PASSEIO


Assassinado pelo céu,
entre as formas que vão para serpente
e as formas que buscam o cristal,
deixarei crescer os meus cabelos.

Com a árvore de tocos que não canta
e o menino com o branco rosto de ovo.

Com os animaizinhos que a cabeça rota
e a água esfarrapada dos pés secos.

Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo
e mariposa afogada no tinteiro.

Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia.
Assassinado pelo céu!

García Lorca

Ya nunca olvidaré


Ya nunca olvidaré
Pero quién habla de olvido
en la prisión en que tu ausencia me deja
en la soledad en que este poema me abandona
en el destierro en que me encuentra cada hora

Ya nunca despertaré
Ya no resistiré el asalto de las inmensas olas
que vienen del dichoso paisaje que tú habitas
Demorándome afuera bajo el frío nocturno me paseo
sobre esta encumbrada tabla de donde se cae de golpe

Yerto bajo el espanto de sueños sucesivos y agitado en el viento
de años de ensueño
prevenido de aquello que termina por encontrarse muerto
en el umbral de castillos abandonados
en el lugar y a la hora convenidos pero inhallables
en las llanuras fértiles del paroxismo
y del único objetivo
este nombre antes adorado
en el cual pongo toda mi destreza en deletrear
siguiendo sus transformaciones alucinatorias
Así una espada atraviesa de parte a parte una bestia
o bien una ensangrentada paloma cae a mis pies
convertidos en roca de coral sustento de despojos
de aves carnívoras

Un grito repetido en cada teatro vacío a la hora del inefable espectáculo
Un hilo de agua que danza ante el telón de terciopelo rojo
en las llamas de las candilejas
Desaparecidos los bancos de la platea
acumulo tesoros de madera muerta y de vivas hojas de plata
corrosiva
No se contenta ya con aplaudir se aúlla mil familias momificadas
tornan innoble el paso de una ardilla

Decoración amada donde veía equilibrarse una fina lluvia
encaminándose veloz hasta el armiño
de una pelliza abandonada en el calor de un fuego de alba
que intentaba dirigir sus quejas al rey
así abro por completo la ventana sobre las nubes vacías
reclamando a las tinieblas inundar mi rostro
borrar la tinta indeleble
el horror del ensueño
a través de los patios abandonados a las pálidas vegetaciones maniáticas

En vano exijo la sed al fuego
en vano hiero las murallas
a lo lejos caen los telones precarios del olvido
agostados
ante el paisaje retorcido en la tempestad

César Moro
De "Lettre d'amour

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Primavera...




Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada,
que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder...para me encontrar....

Florbela Espanca

Bastava-nos amar. E não bastava.




Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.


Joaquim Pessoa
in Português Suave

Amor silêncio



Amor silêncio amargo a roçar-me a morte
grito partido do vidro sobre o peito
ilha deserta no meio das capitais do norte
grilhetas ajustadas no rio em que me deito.

Distância cumulada remanso duma espera
ponte de aventura do dois à unidade
amor brilho raiando a chave do desejo
minuto adormecido ao pé da eternidade.

Amor tempo suspenso, ó lânguido receio,
no pranto do meu canto és a presença forte
estame estremecido dissimulado anseio
amor milagre gesto incandescente porte.

Amor olhos perdidos a riscar desenhos
em largo movimento o espaço circular
amor segundo breve, lanceta, tempo eterno
no rápido castigo da lua a gotejar.


Salette Tavares

Vigilância



A estrela que nasceu trouxe um presságio triste:
inclinou-se o meu rosto e chorou minha fronte:
que é dos barcos do meu horizonte?

Se eu dormir, aonde irão esses errantes barcos,
dentro dos quais o destino carrega
almas de angústia demorada e cega?

E como adormecer nesta Ilha em sobressalto,
se o perigo do mar no meu sangue se agita,
e eu sou, por quem navega, a eternamente aflita?

E que deus me dará força tão poderosa
para assim resistir todas a vida desperta
e com os deuses conter a tempestade certa?

A estrela que nasceu tinha tanta beleza
que voluntariamente a elegeu minha sorte.
Mas a beleza é o outro perfil do sofrimento,
e só merece a vida o que é senhor da morte.


Cecília Meireles
in Mar Absoluto

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Poema àquela certeza



É esta certeza que o tempo intercepta
– grave rumor do salgueiro ao vento
vento rumor próprio do tempo.

É esta certeza que o rio desenha
na água o vidro....no fundo a sombra
sombra da sombra que se faz na água.

É esta certeza que o vento impele
na água a folha ....no fio do tempo
tempo do tempo que o rio engendra.

É esta certeza que o rumor acende
e deixa no ar redemoinhos
círculos de vento que o vento leva.


Vieira Calado

Canto Esponjoso


Canto Esponjoso

Bela
esta manhã sem carência de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Humidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Calvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

Carlos Drummond de Andrade

Meu ser evaporei na lida insana



Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava:
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.

Bocage

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO


NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO
(Amado Nervo)

Choras os teus mortos com tanto desalento
que parece até que és eterno

Eles não morreram, apenas partiram primeiro.

Como lobo faminto, te agitas impaciente, na ansiedade de desvendar os mistérios que poderão ser simples, transparentes e brilhantes aos quais terás acesso quando tu mesmo morreres.

Eles não morreram, apenas partiram primeiro, diz sabiamente o provérbio inglês.

Eles partiram antes... Por que insistis em questionar o porque?

Deixa-os sacudir o pó da estrada.

Deixa-os curar no colo do Pai os pés feridos da longa caminhada.

Deixa-os descansarem os olhos nos verdes pastos da paz.

Antes, preparas a tua bagagem, pois o comboio te espera.

E essa sim, é uma tarefa prática e eficiente.

Verás os teus mortos, e isso é um fato próximo e inevitável. Então não tenhas a menor pressa em alterar as poucas horas do teu descanso.

Eles, num impulso quebraram as barreiras do tempo e te esperam pacientemente.

Apenas foram num comboio anterior.

A morte é uma alegria, e esse conhecimento é dado por Deus aos que se aproximam dela, e oculto aos que ainda irão percorrer longa etapa de vida, para que sigam naturalmente o caminho.

Tradução livre por Regina Helena e Maria Madalena

AMOR INGLÓRIA



AMOR INGLÓRIA
(Genaura Tormin)

Eu queria te dar tanto carinho!
Esperar-te à sombra daquele ipê florido,
Bem pertinho da lagoa, lá curva do caminho.

E no aconchego de almas em desatino,
Num último beijo, selar a nossa história,
Ao arrepio da maldade do destino,
Que nos lançou a um amor inglória.

No desalento, ao romper da aurora,
Esse amor tão grande morrerá sozinho,
Em retalhos dispersos pelo vento frio,
Numa campa abandonada à beira do caminho.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Solidão sem fim...

Solidão sem fim...
(sem verbo)

Luar lá fora...
E em meu rosto,
lágrimas em cântaros!

Diante de mim,
na noite enluarada,
cheia de brilhos e encantos,
a minha última esperança:
- Teu vulto por aquela estrada!

Silêncio... Solidão...
E um angustiado coração...
Esperançoso, desencantado...
E por fim... Nada,
apenas o abismo...
Da dor e da saudade!

Regina Helena

Libértame de mí


Libértame de mí, es tu hora
quiero ser de alguien… Ser tuya
hallar refugio entre tus brazos
morir y resucitar en tu boca
aliviando allí mis egoísmos.
En tus caricias me derramo
en el vergel de tus dedos
encarcelándome la piel.
Hoy decides tú mi destino
lanzando hasta mí el fragor
de tu alma indómita, acércate …
Despierta mis ansias y tu aliento
déjalo gritar en un eterno beso,
baraja despacio las ilusiones
que mis ojos brillan, hablan
con acentos sutiles, sumida en el
juego incitante de las sugestiones
llevándome a las mismísimas
puertas del cielo, nutriendo mis
alas con tus manos de viento,
con tu boca de sol en quemante beso.

Colibri

MISTÉRIO D'AMOR

Tela de Royo

Um mistério que trago dentro em mim
Ajuda-me, minh'alma a descobrir...
É um mistério de sonho e de luar
Que ora me faz chorar, ora sorrir!

Viemos tanto tempo tão amigos!
E sem que o teu olhar puro toldasse
A pureza do meu. E sem que um beijo
As nossas bocas rubras desfolhasse!

Mas um dia, uma tarde... houve um fulgor,
Um olhar que brilhou... e mansamente...
Ai, dize ó meu encanto, meu amor:

Porque foi que somente nessa tarde
Nos olhamos assim tão docemente
Num grande olhar d'amor e de saudade?!

Florbela Espanca

FUMO



Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu amor pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...

Florbela Espanca
«Livro de Soror Saudade»
1923

TARDE DEMAIS...



Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E pra o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

Chegaste enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar;
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia d'oiro dos desertos
Procura-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu fui nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
"Por que chegaste tarde, Ó meu Amor?!..."


Florbela Espanca
«Livro de Soror Saudade»

Loucura



Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar, meus palácios, meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...

Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...

Pesadelos de insónia, ébrios de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!

Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!


Florbela Espanca
In "À Margem dum Soneto"

SAUDADES



Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!


Florbela Espanca
«Livro de Soror Saudade»

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Teu amor entrou na minha vida




Teu amor entrou na minha vida
Violentamente,
Como um sopro de vento
Abrindo a janela de repente.
Teu amor desarrumou meu destino
Arrancou da parede
Velhos retratos queridos,
E quebrou uma jarra
No canto da minha alma
Cheia de rosas,
Cheia de sonhos…
Depois…
Teu amor saiu da minha vida de repente
Como um sopro de vento
Fechando uma porta,
Violentamente.

Carlos Drummond de Andrade

PRINCESA DESALENTO


PRINCESA DESALENTO

Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!

É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento...

Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!

O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...


Florbela Espanca

domingo, 25 de outubro de 2009

Cigana

Minha amiga, Suely Saad

Cigana

Sem estação que te prenda
ou teto que te escravize,
fazes da estrada a tua vida.
Tens tudo de que precisas:
- O céu estrelado por teto,
tua religião - a liberdade,
uma fogueira pra te aquecer,
e para te alegrar, violinos e canções!
E se for preciso, cantas um fado,
fazendo do coração um fogaréu,
enquanto tua alma toca castanholas...

És livre como a águia...
E por trás do teu sorriso imenso,
escondes o feitiço do teu olhar.
Senhora do teu destino!
No intenso vermelho de tuas vestes,
cultuas a tragédia da sedução e da paixão.

És cigana... De alma cigana...
Ainda que por um amor,
o teu corpo viva na cidade...

Regina Helena
Para minha amiga, Suely

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Un tango en el bolsillo


Oleo Stella Conde

Un tango perfuma la noche
con una viruta sentimental,
son rezongos de un fuelle soñoliento
sobre las calles empedradas
de luna y misterio, en la esquina
del bar con el farolito que parpadea
hay una lánguida nostalgia ,
allí vienen los recuerdos
de tus manos que me arrullan
en tu falda de orgulloso abuelo,
en la esquina del buzón porteño
donde subida a tus zapatos
me enseñaste el 2 x 4
al ritmo de D'Arienzo,
y por las tardecitas luego
del mate, me cantabas
“ Azabache ”
Hoy ya mujer vuelvo
al barrio que me vio crecer,
con mi pollerita de percal
y un pañuelo carmesí
te bailo y canto el compás
de la cuna de tus sones
evocándote a ti que fuiste
un milonguero del 900
de corazón compadrito
y un tango en el bolsillo.


" Dedicado a mi abuelo "


Colibrí

Paula



Paula

Cigana, o teu dançar embala a vida,
o som do teu pandeiro anima o vento
Teu negro olhar é luz que à paz convida,
no teu sorriso resplandece o firmamento

Cigana, mãe querida, meu alento...
ainda me dói a dor da despedida.
min'alma não vê fim a esse tormento
Sem ti perdi meu porto de acolhida.

Contemplo o céu... Te busco... Onde andarás?
Em qual brilho de estrela, agora, estás?
Naquela que precede o Criador?

Por certo ELE te fez estrela guia,
pois foste essência pura da alegria,
a fonte do mais verdadeiro amor!

- Patrícia Neme -

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

VERSOS MOLHADOS


VERSOS MOLHADOS

Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!

Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.

E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.

Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!

- Patricia Neme -

Amor-perfeito


Amor-perfeito
(para AJ)


A mesa posta, em linho e prataria...
As velas... Não! Bastava-me o luar.
Nas taças de cristal, minha alegria...
Com rosas, demarquei o teu lugar.

Vesti-me rendilhada de poesia,
em meu cabelo, estrelas a brilhar.
Fiz do cio da noite a melodia,
para nossos sonhares embalar.

E o tempo foi tecendo seus segundos...
Em doces ilusões, percorri mundos,
onde um amor-perfeito floresceu.

Porém, nunca ocorreu tua chegada...
E agora, alcanço o fim da caminhada
sem conhecer o amor que julguei meu!

- Patricia Neme -

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

MORTE... VIDA...



MORTE... VIDA...

Se existe um amanhã... Um "logo mais"...
Quem sabe, onde a certeza do momento?
Viver, morrer... É tudo tão fugaz...
Efêmero... Qual é o pensamento.

Se agora, aqui... Em breve o corpo jaz
em meio ao canto triste do lamento.
Os sonhos... São entregues ao jamais...
Os planos... Perdem-se em esquecimento.

O Agora é tua vida, teu instante,
traze bem junto a ti quem é distante,
quem dá sentido a tu'alma, ao teu amor.

Pois só o amor conduz à eternidade,
o mais... O mais é vão, tola vaidade,
que em si traz o vazio, angústia e dor!

- Patricia Neme -

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

'Dia de chuva'


'Dia de chuva'

Nunca mais esta chuva,
nem essa fresta de luz
sobre o penhasco,
nem na beirada
daquela nuvem...
Nem teu imóvel sorriso,
fugitivo...
Nunca mais esse momento
em que teus olhos
já me dizem adeus ...

Claribel Alegria
(Tradução livre por Maria Madalena)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Crepúsculo de mi misma



Crepúsculo de mi misma

El sol se levanta en un nuevo día:
- Los pájaros saludan el amanecer
Las flores y los ríos cantan
Las aguas parecen más cristalina
Y el vivir es más intenso!

Así fue mi vida.
Apasionada, jamás pensaba
Que en la soledad, podía ver
la salida del sol o las estrellas en el cielo !

Yo no tengo un nuevo comienzo!
En el crepúsculo de mi vida,
sin brillo, sin luz.
Los niños no cantan,
Y no hay transbordo en los ríos!

Los pájaros están volando en adiós ,
Como si no quisieran ver el final del día.
Como yo no quiero,
Nen puedo tolerar mi final ...

Regina Helena
Tradução de Maria Madalena

PARA ATRAVESSAR...


PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Onde me levas...


'Onde me levas, rio que cantei'

(Eugenio de Andrade)

Onde me levas, rio que cantei,
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me leva?, que me custa tanto.

Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa.
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.

Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos.
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.

Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra fase na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.


Canção breve


Canção breve

Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.

Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança e o calor
de uns dedos com restos de ternura.

Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia.


Eugénio de Andrade

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ocaso de mim...


Ocaso de mim...

Raia o Sol de um novo dia:
- Os pássaros saúdam a alvorada,
as flores se abrem e os rios cantam.

As águas parecem mais cristalinas
e o viver mais intenso!

Assim também foi a minha vida.
Amando loucamente não pensei
que um dia, sozinho, contemplaria
o amanhecer ou as estrelas no Céu.

Já não há um novo começo!
No ocaso da minha vida,
já não há brilho, já não há luz.
As crianças não cantam,
e nem os rios transbordam!

A passarada se despede em bandos,
como se não quisesse ver o fim do dia.
Assim como eu não quero,
nem posso, suportar o meu fim...

Regina Helena

“Sem esperanças”


“Sem esperanças”

A noite se aproxima,
e com ela, o vento frio da dor.

Nem sei o que mais temo,
se à noite, ou o novo amanhecer...

Tudo é igual...
Sempre a sensação de perda,
da falta de esperança
que para mim não renascerá,
pois já não há tempo...
Eu te perdi!

Dentro de mim te busco
desesperadamente,
na lembrança da tua pele
da tua boca,
do teu sorriso...

Mas só encontro o mesmo frio,
do medo e da solidão,
que preenchem o vazio
que você deixou.

Se eu pudesse,
transformaria essa dor em canto!
Um canto cheio de nostalgia,
de tristeza e desesperança...

Um canto de apenas três acordes:
- Dor, saudade e solidão!

Regina Helena

Sem você


Sem você

Como será a manhã
do desalento de ver você partir?
Como será esse caminhar
sem esperança?
Como será amanhã ao anoitecer,
quando as luzes se ascenderem
e já não tiverem brilho?
Como será o dia após a dor,
o dormir sem esperança,
o acordar sozinha?

Como vou fazer no amanhã?
Você me deu tantas diretrizes,
mas não me ensinou
como eu viveria sem você!
Planejamos tanto, amamos tanto!
E agora, o que me resta?
- Carregar a dor, olhar sem ver...
Suportar a vida sem você!


Regina Helena

Eu te amo...


Eu te amo...

Como um raio de luz que invade as trevas,
entraste em minha vida.
E eu, sobrevivente do medo e da dor,
reconheci em ti o meu anjo,
aquele me conduziria pela mão
para uma vida mais amena.

Chegaste de mansinho, timidamente,
e aos poucos, foste conquistando espaços,
até que te tornaste o dono de todos eles.

Substituíste com tua presença
a escuridão da minha vida pela luz da tua.

E eu, rica do teu amor e pobre de mim mesma,
apenas te dou a certeza do que,
sempre te amei... E te amarei
para todo o sempre!

Regina Helena

Pânico


Pânico

É pela noite que me chegas,
com a face da morte me enfrentas
e me arremessas num inferno,
num porão sem fim...

colocas-me a vida em cheque,
em minhas mãos... e me emudeces...
sem chance... louca e sem vida,
nem me deixas aniquilar a consciência!

Uma brincadeira cruel do meu destino,
morrer mil vezes em tuas mãos!
Não há para onde fugir... não há saida...

de que me valem mil horas de alegrias
se passo um só minuto contigo?
ou, que me adiantaria viver mil anos
se tivesse que ver tua morte uma única vez?

De que mundo vens, quem te criou?...
tu, que tens o poder de me deixar em pânico
e me levar à lividez das faces
ante à própria sensação de EXISTIR?!!!

Regina Helena

Sua presença tão Amada...


Sua presença tão Amada...

E banho-me nas gotas
Orvalhadas desse querer
Tão cúmplice nos momentos
Em que sua ausência
Machucava o olhar e
Lágrimas gritavam de
Saudade...

(®Cida Luz)

Gotas de amor...


Gotas de amor...

Sinto a brisa do
Seu amor acariciando
Meus desejos...
E no coração vestido
De esperança, sentimentos
Começam a sorrir...

Na leveza da paz, tristezas vão
Se definhando, cedendo lugar
Para alegria a muito
Almejada...

(®Cida Luz)

Ecos...


Ecos...

Foram palavras
Machucadas...
O coração ardeu diante
Da mágoa e a despejou
Na boca molhada por
Lágrimas...

E agora somente
O sussurro de um adeus
Ecoando na solidão...

(®Cida Luz)

Leva-me...


Leva-me...

Leva-me pela mão...
Faça com que meus
Sentimentos agarrem-se ao
Seu coração
E se aninhem em você...

Cante uma canção qualquer,
E que ela acaricie meus medos
Como um sussurro de
Amor seu...

Dá-me alguma paz que
Seja ao seu lado...
Qualquer coisa boa...
Mas que seja somente de
Você...

(Cida Luz)

Parte de mim...


Parte de mim...

Eu queria tocar aquele
Crepúsculo…

Eu pensava ser
Alguma parte da
minha
Solidão perdida
Em algum
Recanto triste...

Eu só queria trazê-lo
De volta
Ao meu peito,
Enquanto o admirava
Entremeio lágrimas
De uma saudade
Infinda...

(Cida Luz)

Pedaços

Pedaços...

Senti o amor esvaindo-se
No silêncio de uma
Saudade...

E no meu olhar,
Pedaços do coração
Molhavam-se,
Procurando abrigo
Na solidão...

(Cida Luz)

domingo, 27 de setembro de 2009

Alma minha


Alma minha

Sob a curva fúnebre da noite,
sobre a cálida areia de um deserto,
desterrado, com a mente conturbada,
meu pé desnudo, vacilante marcha...

e, alem da curva fúnebre do céu
a solitária estrela...
e alem, sobre as areias cálidas,
o oásis e a água!

Sob a curva fatídica da dor,
sobre o deserto dessa vida trágica,
minha aflita mente se conturba;
tenta travar minha caminhada...

e alem, da curva dessa dor, sinistra,
a luz da esperança...
e além, sobre o deserto da minha vida
o som dos sentimentos vários de minh’alma...

>Pedro Bonifácio Palácios
Tradução livre: Regina Helena e Maria Madalena

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Huye del triste amor



Huye del triste amor, amor pacato,
sin peligro, sin venda ni aventura,
que espera del amor prenda segura,
porque en amor locura es lo sensato.

Ese que el pecho esquiva al niño ciego
y blasfemó del fuego de la vida,
de una brasa pensada, y no encendida,
quiere ceniza que le guarde el fuego.

Y ceniza hallará, no de su llama,
cuando descubra el torpe desvarío
que pedía, sin flor, fruto en la rama.

Con negra llave el aposento frío
de su tiempo abrirá. ¡Despierta cama,
y turbio espejo y corazón vacío!


Antonio Machado

NOCTURNO


NOCTURNO

A Juan Ramón Jiménez


berce sur l'azur qu' un vent douce effleure
l'arbre qui frissonne et l'oiseau qui pleure.
Verlaine

Sobre el campo de abril la noche ardía
de gema en gema en el azul... El viento
un doble acorde en su laúd tañía
de tierra en flor y sideral lamento.

Era un árbol sonoro en la llanura.
dulce cantor del campo silencioso.
que guardaba un silencio de amargura
ahogado en el ramaje tembloroso.

Era un árbol cantor, negro y de plata
bajo el misterio de la luna bella,
vibrante de una oculta serenata,
como el salmo escondido de una estrella.

Y era el beso del viento susurrante,
y era la brisa que las ramas besa,
y era el agudo suspirar silbante
del mirlo oculto entre la fronda espesa.

Mi corazón también cantara el almo
salmo de abril bajo la luna clara,
y del árbol cantor el dulce salmo
en un temblor de lágrimas copiara
que hay en el alma un sollozar de oro
que dice grave en el silencio el alma,
como un silbante suspirar sonoro
dice el árbol cantor la noche en calma-
si no tuviese mi almo un ritmo estrecho
para cantar de abril la paz en llanto,
y no sintiera el salmo de mi pecho
saltar con eco de cristal y espanto.

Antonio Machado

terça-feira, 22 de setembro de 2009

En medio de la multitud


En medio de la multitud


En medio de la multitud le vi pasar, con sus ojos tan rubios como la cabellera. Marchaba abriendo el aire y los cuerpos; una mujer se arrodilló a su paso. Yo sentí cómo la sangre desertaba mis venas gota a gota.

Vacío, anduve sin rumbo por la ciudad. Gentes extrañas pasaban a mi lado sin verme. Un cuerpo se derritió con leve susurro al tropezarme. Anduve más y más.

No sentía mis pies. Quise cogerlos en mi mano y no hallé mis manos; quise gritar, y no hallé mi voz. La niebla me envolvía.

Me pesaba la vida como un remordimiento; quise arrojarla de mí. Mas era imposible, porque estaba muerto y andaba entre los muertos.

Luís Cernuda